Excelência em aprendizagem é meta de toda instituição de ensino. Mas para alcançar esse objetivo, obter um bom comportamento da classe é fundamental — embora esse seja um dos maiores desafios encontrados em sala de aula, sobretudo na educação básica.
Ainda que a relação entre professor e aluno seja um tópico central nessa questão, há mais agentes que devem entrar em ação quando o assunto é o mau comportamento de algum estudante.
A diretoria e coordenação, por exemplo, têm a função de amparar o professor nesse momento, além de contar com um planejamento para lidar com os casos mais sérios. Os pais e responsáveis pelo estudante, por sua vez, também precisam estar envolvidos.
Assim, a equipe escolar tem de lidar com as ocorrências na instituição de ensino, enquanto os pais e responsáveis devem reforçar esse posicionamento na educação do jovem em casa. Afinal, a figura de autoridade máxima para uma criança é sua família.
No ensino remoto ou híbrido, isso é ainda mais evidente. Afinal, o aluno está em casa, no ambiente familiar, enquanto participa das aulas. Nessa situação, a importância dos pais e responsáveis só aumenta.
De toda forma, seja no ensino presencial ou nas aulas a distância, família e escola precisam trabalhar juntas. Tudo sempre visando o futuro do aluno e o papel que ele assumirá na sociedade enquanto adulto e cidadão responsável.
Preocupada com a gestão escolar em todas as esferas, a Sponte separou dez dicas de como lidar com o comportamento em classe. Confira a seguir:
1. Estabeleça regras em sala de aula
2. Construa um ambiente democrático para o aprendizado
3. Esteja sempre atento ao comportamento dos alunos
4. Saiba lidar com o mau comportamento em sala de aula
5. Assuma uma postura adequada para transmitir confiança aos alunos
6. Estabeleça uma boa comunicação com pais e responsáveis
7. Reforce positivamente o bom comportamento em sala de aula
8. Mantenha um registro do comportamento dos alunos
9. Seja um bom exemplo de comportamento
10. Analise a situação na educação básica
Comunicação com a comunidade escolar: um elemento fundamental
1. Estabeleça regras em sala de aula
O comportamento em sala de aula pode funcionar como uma espécie de contrato entre o professor e os alunos. Por isso é necessário contar com regras para manter um bom relacionamento durante o período letivo.
Normalmente, as escolas têm projetos pedagógicos com regras de comportamento pré-estabelecidas e acordadas entre o corpo docente, coordenadores e gestores. Mas essas informações precisam chegar de forma clara para os estudantes.
É importante esclarecer à classe que as regras ali estabelecidas devem ser cumpridas para garantir um convívio agradável para todos e melhores resultados na aprendizagem.
Uma dica para potencializar esse método é apresentar as regras sempre no início do ano letivo, como princípio básico de convivência — que podem (e devem) ser relembradas ao longo do ano conforme o professor achar necessário.
- Vale lembrar que o conteúdo dessas regras varia de acordo com o perfil da escola e do público que ela atende. As turmas de Educação Infantil, por exemplo, terão regras bem diferentes das turmas de Ensino Médio.
Outro ponto que precisa de atenção é a diferenciação das normas. Algumas delas estão ali para garantir o bom funcionamento da rotina escolar. Outras são de âmbito moral, por exemplo, agredir o professor ou um colega, física ou verbalmente.
Imagine as seguintes situações e compare: um aluno usando indevidamente o celular durante a aula e um estudante que bateu em um colega. Ambas são regras que foram quebradas e pedem uma intervenção por parte da autoridade escolar. No entanto, elas possuem pesos diferentes e tanto a gestão escolar quanto os professores precisam ter muito cuidado para lidar com isso de forma proporcional.
2. Construa um ambiente democrático para o aprendizado
O ideal é que os alunos sigam as regras não por medo de punições, mas por respeito à escola e aos seus colegas.
Mas, para desenvolver essa relação com o ambiente escolar, o estudante também precisa se sentir ouvido e levado em consideração.
Caso contrário, há o perigo de que ele acabe cultivando um sentimento de revolta contra a escola, por sentir que não faz parte daquele grupo ou comunidade. Essa é uma das razões que levam ao mau comportamento em sala de aula, principalmente quando se trata de adolescentes.
Leia mais: Como ter uma gestão democrática dentro das escolas?
A gestão democrática também dá ao aluno segurança para se expressar e expor situações problemáticas que ocorreram com ele, como alguma prática de bullying, por exemplo. Isso permite ao professor e à equipe pedagógica atuarem mais diretamente para garantir um bom convívio na escola.
3. Esteja sempre atento ao comportamento dos alunos
Mesmo com regras e um ambiente democrático, os problemas de comportamento em sala de aula ainda acontecerão. Isso porque algumas questões são naturais ao longo do desenvolvimento humano.
É importante manter o foco não apenas em disciplinar ou evitar conflitos entre alunos, mas também em estratégias e soluções.
Por isso, os professores precisam ser orientados a ficarem atentos em relação ao comportamento dos alunos, para atuarem assim que notarem qualquer problema.
Afinal, a partir da identificação de um comportamento inadequado para a sala de aula, o próximo passo é agir rapidamente a fim de evitar que esse tipo de atitude se torne habitual para o aluno.
É importante, contudo, que essa ação seja tomada não de forma punitiva, mas educacional. Assim, é possível mostrar para o aluno a possibilidade de colher resultados positivos com atitudes diferentes.
Essa é uma importante função do professor, mas vale ressaltar que é uma responsabilidade do gestor pedagógico. Quando esse trabalho ocorre em conjunto, ele gera resultados muito mais positivos.
4. Saiba lidar com o mau comportamento em sala de aula
Há dois motivos principais para a desobediência dos alunos. O primeiro é o simples desconhecimento das regras. Alguns estudantes podem não ter entendido direito uma orientação, ou não sabem como executá-la.
Isso é muito comum para alunos mais jovens, que ainda estão no início da vida social e não compreendem muito bem o conceito de limites. Portanto, instruções detalhadas e repetidas em diferentes momentos são importantes para manter o bom comportamento em sala.
O segundo motivo é: o aluno conhece as regras de comportamento, mas está testando limites.
Uma escola de educação básica está repleta de crianças e adolescentes que ainda estão descobrindo o mundo e como ele funciona. É comum estudantes fazerem algo errado de propósito mais de uma vez, porque estão testando por conta própria até onde podem ir, ou até onde determinada atitude é tolerável.
Nessas circunstâncias, a correção de comportamento deve ser ágil, para que o aluno faça a associação do que é certo e errado e dos limites que ele precisa respeitar.
Na maioria dos casos, a melhor forma de intervenção é aquela em que o aluno não é exposto diante dos colegas. Ou seja, é uma intervenção discreta e pessoal.
Há outras situações, contudo, em que ela pode ser feita em público, mas preferencialmente de forma generalista, sem focar diretamente no aluno.
Um exemplo das duas possibilidades: quando um estudante não obedece à orientação de resolver um exercício, o professor pode intervir fazendo um comentário geral sobre como “é necessário que todos resolvam o exercício”, ou pode caminhar até o aluno e pedir discretamente para que ele o faça.
Vale lembrar que a exposição pode causar ao aluno um sentimento de que ele está sendo perseguido. Portanto, a discrição na hora de chamar a atenção é fundamental.
Há, também, os casos de indisciplina que ultrapassam as regras convencionais e atingem as morais. Nesse caso, é necessário estabelecer uma consequência. Essa consequência pode ser desde uma intervenção geral ou pessoal, em casos mais brandos, até uma conversa com os pais, em casos mais graves.
Mas seja qual for o caso, o diálogo sempre é a melhor solução para lidar com o comportamento de alunos. Isso porque medidas coercitivas, baseadas no medo e na repressão, dão margem para mais revolta e fazem o aluno aumentar seus cuidados para não ser pego em um momento de mau comportamento.
O aluno precisa entender o que fez de errado, o porquê de isso ser errado e quais as consequências, para ele mesmo e para os outros. A mesma lógica vale para quando um estudante deliberadamente desafia a autoridade do professor em sala de aula, ou desrespeita algum funcionário da instituição.
Esse comportamento é inaceitável e ele precisa compreender o que fez e assumir a responsabilidade pelos seus atos.
Caso seja necessária uma advertência, a gestão pedagógica deve, preferencialmente, optar por alguma medida educativa e não punitiva.
Isto é, o aluno precisa cumprir uma tarefa coerente com o mau comportamento que apresentou e sair dela melhor do que entrou, compreendendo a situação como um todo e disposto a não repetir o erro.
5. Assuma uma postura adequada para transmitir confiança aos alunos
Voz de comando é um recurso fundamental para o professor garantir um bom comportamento da classe. Use poucas palavras, só fale quando todos estiverem ouvindo, não mude de assunto e não faça outras coisas enquanto precisa de atenção.
Utilizar-se desses recursos é uma ótima forma de manter equilíbrio em sala de aula, além de passar confiança para os alunos sem precisar exibir uma figura de autoridade exacerbada.
Isso vale para diretores, coordenadores ou professores. Na hora de chamar atenção sobre o comportamento dos alunos, busque apresentar uma postura mais séria, com expressões e tom de voz formais. Assim, o aluno pode identificar a gravidade desse momento e reagir de acordo com o esperado.
Já em momentos de intervenção pessoal, ao tentar resolver um caso de indisciplina, o contato visual é muito importante.
Especialistas afirmam que se colocar na altura do aluno e estabelecer esse contato é fundamental no processo de compreensão do estudante, inclusive para que ele consiga associar as expressões faciais a um momento sério.
6. Estabeleça uma boa comunicação com pais e responsáveis
Escola, pais e responsáveis precisam ser aliados contra comportamentos inadequados dos alunos.
Se um estudante quebrar uma regra de convivência em sala de aula e levar uma advertência, a família precisa apoiar a decisão da escola. Caso contrário, essa ação anula todo o trabalho que a equipe pedagógica construiu e faz o aluno acreditar que suas atitudes erradas são, de alguma forma, aceitáveis.
Para evitar que isso aconteça, a comunicação entre a escola e os pais e responsáveis precisa ser transparente, com valores alinhados, para prevenir divergências em relação à forma como eventuais problemas são conduzidos.
Qualquer acontecimento precisa ser comunicado aos pais pelo sistema de gestão escolar ou pelo Portal do Aluno, que são meios mais eficientes de comunicação do que recados e bilhetes no caderno, como era feito antigamente.
Assim, é possível manter um fluxo de comunicação constante entre a escola e as famílias, a fim de que todos possam agir com eficácia em qualquer situação.
Para isso, contudo, é preciso manter sempre um bom relacionamento com pais e alunos. Essa é uma importante função da gestão escolar.
7. Reforce positivamente o bom comportamento em sala de aula
Diferentes alunos reagem de diferentes maneiras quando o professor chama a atenção sobre o seu comportamento.
No entanto, a maioria das crianças e adolescentes lida melhor com um reforço positivo. Isto é, o professor ou coordenador deve apontar o que o aluno fez de certo, em vez de indicar apenas suas atitudes erradas.
Assim, a equipe escolar o incentiva a melhorar suas atitudes e seu desempenho.
8. Mantenha um registro do comportamento dos alunos
Um registro de ocorrências é uma ótima ferramenta para garantir que todas as informações possam ser passadas ao pais e responsáveis de forma fidedigna, além de ajudar a acompanhar o progresso do aluno nesse aspecto.
O registro também ajuda o gestor escolar e pedagógico a visualizar os números e os tipos de problema que acontecem com mais frequência.
A análise desses dados pode indicar onde estão as maiores complicações, se elas são casos isolados de um ou alguns alunos, ou se é algo que está afetando uma turma ou período todo.
A partir dessas informações, a equipe escolar pode encontrar os motivos do mau comportamento em sala de aula e buscar a melhor solução.
9. Seja um bom exemplo de comportamento
Mais do que com a fala, as crianças aprendem com exemplos. Elas observam e copiam, mesmo que inconscientemente.
Então, se esperamos uma geração de adultos com capacidade de resolver seus problemas de forma pacífica ao invés de violenta, fazendo-se valer do respeito como base das relações, isso precisa começar a ser construído desde cedo.
Essa postura deve ser trabalhada em sala de aula e em casa, para que o aluno consiga integrar o bom comportamento em todos os âmbitos de sua vida.
Mais uma vez, família, corpo docente, gestão escolar e pedagógica precisam se unir para construir esse ambiente saudável para o crescimento do aluno.
10. Analise a situação na educação básica
É importante estar atento à possibilidade de que, se os alunos estão tendo problemas em cumprir regras básicas em sala de aula, o problema pode ser nas normas propostas pela instituição de ensino.
Os motivos podem ser vários: desde as regras não estarem claras o suficiente, até o fato de que na teoria elas parecem funcionar bem, mas nem tanto na hora da prática.
Portanto, um olhar sensível para cada situação se faz fundamental para que a escola possa melhorar seu regimento interno, alterando, adaptando e aprimorando os acordos entre instituições e alunos, caso seja necessário.
Comunicação com a comunidade escolar: um elemento fundamental
Como vimos neste texto, quase todas as medidas para garantir um bom comportamento em sala de aula envolvem a participação de pais e responsáveis. Por isso, a comunicação entre escola e família é uma peça tão importante na educação.
Mas também é essencial investir em uma boa comunicação com os alunos, para que eles sintam-se realmente parte da realidade da escola.
Pensando nisso, preparamos um eBook que ajuda a melhorar a comunicação da sua escola, com experiências práticas e eficientes. Confira:
5 respostas
Comportamento escolar
Excelente texto, muito obrigado por compartilhar. Vou colocar em prática na escola, a partir da minha pessoa e esperando que demais elementos do sistema contribuam cada um fazendo a sua parte.
O TEXTO ESTÁ BEM ELABORADO. LI E GOSTEI. VOU COLOCAR EM PRÁTICA NA ESCOLA JOÃO PAULO II. AQUI EM MANAUS, PRECISAMOS MUITO TRABALHAR A QUESTÃO DA DISCIPLINA. ESTAMOS EVOLUINDO.
Olá, Filomena!
Que bom que gostou do conteúdo e que ele pode ajudar na sua realidade na escola 😊
Um abraço!
Faltou o que o ALUNO tem de fazer para melhorar a sala. Mas eu amei.