Por Carla Helena Lange, 13 de junho de 2024
Tempo de leitura: 6 minutos

Como pagar o dissídio salarial sem comprometer o fluxo de caixa escolar

O dissídio salarial deve fazer parte do planejamento orçamentário do seu setor financeiro escolar. Entenda como fazer essa gestão e reduzir o impacto.

Fluxo de caixa escolar | Sponte

O dissídio salarial é um tema que volta à atenção das empresas todo ano, e as instituições de ensino particulares não são exceção. Essa atualização dos valores pagos aos colaboradores faz parte da rotina do empreendedor da educação, mas é preciso ter cuidado para não comprometer seu fluxo de caixa escolar.

Você sabe o que é o pagamento do dissídio? Entende qual é o impacto dele no planejamento orçamentário e no financeiro escolar? Sabe como se preparar para que esse reajuste não prejudique suas finanças?

Continue a leitura para saber como lidar com o pagamento do dissídio de forma estratégica em sua gestão financeira escolar para garantir a sustentabilidade financeira da escola e manter o equilíbrio do fluxo de caixa.

O que é o dissídio salarial no contexto do financeiro escolar?

No setor jurídico, a palavra dissídio significa divergência. Na prática, o termo diz respeito a desacordos, conflitos e outros tipos de disputas judiciais.

Mas calma. Isso não significa que você precisa sair correndo atrás do advogado da escola. Apesar de o sentido original da palavra vir do contexto do embate legal, o dissídio desenvolveu um significado mais ameno quando trata de questões salariais.

Nesse contexto, o dissídio salarial é, basicamente, uma negociação coletiva com o objetivo de fazer com que os salários acompanhem a inflação e as tendências econômicas do país. Isso para garantir que não haja uma grande perda no poder de compra dos colaboradores frente aos preços praticados no mercado.

Na prática, essa equiparação do salário é negociada entre os sindicatos de trabalhadores e os sindicatos patronais de cada setor. O percentual de reajuste, então, é repassado às empresas relacionadas.

É assim que ocorre nas instituições de ensino privadas. Depois da negociação oficial entre os sindicatos, o percentual de acordo chega à escola e sua gestão financeira precisa estar pronta para adequar os pagamentos.

🔎 Leia mais: Gestão financeira escolar: tudo o que você precisa saber para controlar suas finanças.

Quando o dissídio salarial vira questão de justiça?

Como vimos, o dissídio salarial não envolve, necessariamente, um embate na justiça, funcionando como uma negociação entre sindicatos com o objetivo de encontrar um valor de reajuste justo para os dois lados.

No entanto, em alguns casos, as partes envolvidas não conseguem chegar a um acordo e precisam acionar a Justiça do Trabalho, como previsto nos artigos 643 e 763 da Consolidação Leis do Trabalho (CLT) (Decreto-lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943).

  • Art. 643 – Os dissídios oriundos das relações entre empregados e empregadores, bem como de trabalhadores avulsos e seus tomadores de serviços, em atividades reguladas na legislação social, serão dirimidos pela Justiça do Trabalho, de acordo com o presente título e na forma estabelecida pelo processo judiciário do trabalho.
  • Art. 763 – O processo da Justiça do Trabalho, no que concerne aos dissídios individuais e coletivos e à aplicação de penalidades, reger-se-á, em todo o território nacional, pelas normas estabelecidas neste Título.

Mas você ainda não precisa procurar o advogado da escola! Esse tipo de embate se resolve entre os representantes jurídicos dos sindicatos envolvidos.

Sua instituição de ensino precisará lidar com um dissídio na justiça apenas quando houver desacordo dentro da própria escola, com seus colaboradores — seja de forma individual, seja por meio de uma ação coletiva.

E mesmo em casos assim, na maioria das vezes, o problema pode ser resolvido por meio de negociações e acordo com seus colaboradores, sem que seja necessário envolver o poder judiciário.

Dissídio ou aumento salarial? Quais são as diferenças?

Ainda que ele apareça na carteira do trabalhador como um aumento nos rendimentos, é importante deixar claro que o dissídio não é a mesma coisa que aumento salarial

Como vimos, o dissídio se baseia especificamente na equiparação dos salários com o aumento da inflação, para garantir o poder de compra dos trabalhadores. Ele é oriundo de uma negociação entre sindicatos e é uma obrigação que as escolas devem seguir.

Já o aumento salarial tem outro perfil. Ele se caracteriza por um reajuste salarial acima da inflação. Dessa forma, representa um ganho real no poder de compra do colaborador.

Além disso, o aumento é uma decisão da escola para valorizar seus profissionais, portanto, pode ser dado dentro de critérios estabelecidos pela sua equipe. Um exemplo são os planos de cargos e salários, que calculam progressões de carreira a partir de tempo de serviço ou produtividade.

Pagamento do dissídio e aumento salarial na escola | Sponte

Esse tipo de aumento costuma ser concedido pela gestão escolar ou negociado diretamente com os funcionários — individual ou coletivamente.

Nesse sentido, ele é importante para mostrar o reconhecimento do trabalho da sua equipe e aumentar a motivação e o engajamento de professores e demais colaboradores.

Por que é importante prever o pagamento do dissídio no fluxo de caixa escolar?

O dissídio salarial é importantíssimo para manter o poder de compra, a motivação e até a qualidade de vida de seus colaboradores. Ele faz parte do nosso sistema trabalhista justamente para garantir esse cuidado com o bem estar das pessoas e também com a própria economia do país. 

No entanto, ele tende a aumentar a carga dos custos trabalhistas de uma escola. Afinal, o dissídio apresenta um aumento percentual nos salários — e, consequentemente, nos benefícios — dos funcionários.

Isso tem um impacto imediato nos custos operacionais da instituição. O valor mensal despendido para quitar suas obrigações trabalhistas aumenta e sua gestão precisa ser capaz de lidar com esse custo maior sem tirar dinheiro de outras áreas importantíssimas, como a infraestrutura escolar, que garantem a qualidade do seu ensino.

Também é importante considerar o quanto essa mudança pode afetar o planejamento financeiro a longo prazo. Se sua escola não estiver preparada, o aumento nos custos pode impossibilitar seus investimentos programados.

Esse é um dos motivos para uma gestão financeira competente ser tão importante para as escolas. A equipe do seu financeiro escolar deve fazer um planejamento orçamentário que leve em conta essa variação nos custos operacionais da instituição, para que o impacto seja menor.

Tduo sobre educação financeira para escolas | Linx Sponte

Como calcular o valor do dissídio salarial no fluxo de caixa escolar?

O cálculo do dissídio escolar é muito fácil. A negociação entre os sindicatos costuma chegar a um percentual específico e sua escola precisa apenas acrescentar esse valor aos salários da categoria.

Por exemplo, se um de seus professores recebe R$ 5 mil por mês e o dissídio for de 4%, o reajuste no salário dele será de R$ 200, alcançando um total de R$ 5.200 mensais. O mesmo cálculo deve ser feito para cada profissional na área de abrangência do acordo sindical.

A parte difícil, no entanto, é que esse percentual só fica disponível para as escolas depois da negociação sindical. Ou seja: é preciso se preparar antecipadamente, mesmo sem saber qual será o valor exato do impacto em suas finanças.

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Como fazer um planejamento orçamentário que prepare sua escola para o pagamento do dissídio?

Fazer um planejamento orçamentário que considere a incerteza do valor do dissídio é um dos maiores desafios do setor financeiro escolar. 

Essa programação deve ser muito detalhada, com todas as informações de suas finanças e uma margem razoável que preveja o possível valor do dissídio, com base em anos anteriores e avaliação da inflação. Em um ano com a inflação em alta, por exemplo, já pode-se prever que o dissídio será maior.

Nesse sentido, é essencial contar com relatórios financeiros, que organizem as informações financeiras e o fluxo de caixa escolar de maneira clara. Um sistema de gestão escolar como o Sponte é uma excelente ferramenta para facilitar essa etapa, porque ele automatiza os relatórios e oferece as informações de maneira totalmente acessível e organizada.

Kit de Planejamento Financeiro para Escolas | Sponte

Mas o planejamento é apenas o primeiro passo. Para que suas finanças sejam suficientes para lidar com o aumento de custos, a escola precisa de uma gestão financeira realmente eficiente, capaz de reduzir gastos desnecessários, otimizar os investimentos e combater os atrasos nas mensalidades.

Ter um sistema de gestão pode ajudar também nesse momento, eliminando processos manuais que são demorados e dispendiosos, apontando gargalos financeiros que podem ser superados, identificando áreas de economia e disponibilizando formas de pagamento que reduzem a inadimplência.

Por fim, considere também que pode ser necessário reajustar o valor das mensalidades para suprir esse novo custo. Mas lembre-se de que o preço só pode ser atualizado no início do período letivo.

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Analista de Conteúdo

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