Por Carla Helena Lange, 21 de novembro de 2023
Tempo de leitura: 7 minutos

Curva de aprendizagem no ensino: aprenda a usar essa técnica com seus alunos

Saiba como a curva de aprendizagem integrada ao planejamento pedagógico pode melhorar as avaliações em sua escola.

O que é curva de aprendizagem? | Sponte

Um dos maiores desafios para a gestão pedagógica das escolas e para a educação como um todo é a avaliação. Afinal, o esquema tradicional de provas e notas mostrou-se insuficiente para acompanhar o crescimento de alunos tão diversos. A resposta para esse problema pode estar na curva de aprendizagem.

Essa técnica, originária da indústria, tem um grande potencial se for aplicada estrategicamente no planejamento pedagógico de uma escola.

O modelo da curva de aprendizagem no ensino permite avaliar se os resultados do aluno estão alcançando o esperado pela escola, além de identificar quais ajustes devem ser feitos para melhorar o processo.

Já pensou em usar a curva de aprendizagem na educação? Ou nem conhece esse modelo avaliativo?

Leia nosso artigo para descobrir como otimizar as avaliações em sua escola e melhorar os resultados do ensino.

O que é a curva de aprendizagem?

Na prática, a curva de aprendizagem é uma representação visual da evolução dividida em dois eixos: aprendizagem e tempo. Eles são apresentados em um gráfico, que permite entender esse avanço com mais clareza, observando a progressão do desempenho de um aluno (no caso da educação).

Curva de aprendizagem do aluno | Sponte

Esse modelo de avaliação, no entanto, não nasceu focado nas escolas. Apesar de ter sido criada por um especialista em psicologia da aprendizagem (o alemão Hermann Ebbinghaus) em 1885, a curva de aprendizagem foi usada pela primeira vez para analisar os custos de produção na indústria.

Contudo, com o tempo, ela passou a ser aplicada em escolas e outras instituições de ensino, como uma ferramenta para monitorar o progresso dos estudantes.

No contexto da gestão pedagógica, ela mede o desempenho do estudante durante todo o período letivo, considerando cada atividade realizada por ele dentro do planejamento pedagógico.

Conforme sua linha no gráfico sobe — mostrando um desempenho maior de acordo com o tempo passado —, ela mostra que o aluno teve resultados mais satisfatórios e pode abraçar exercícios mais desafiadores.

Ao mesmo tempo, se a linha está descendo ou mantendo-se estável, é sinal de que o estudante não está evoluindo. Isso pode indicar dúvidas, dificuldade com o ensino ou outros problemas de aprendizagem.

Por meio dessa visualização, o professor e a gestão pedagógica podem descobrir se o aluno precisa de ajuda ou mesmo se é hora de rever as metodologias de ensino.

Como fazer o cálculo e visualizar a curva?

A curva de aprendizagem é uma ferramenta matemática. Sua definição depende de um cálculo que tem, como função, apresentar a evolução do desempenho dentro de um período de tempo. Só assim é possível exibir a aprendizagem em um gráfico.

A equação usada para isso é: 

y = C1*X^b

O fator “y”, tradicionalmente, representa o tempo médio que uma pessoa leva para realizar uma tarefa. Como estamos adaptando a fórmula para medir o desempenho de alunos, podemos também considerar a nota média que o aluno obteve depois de realizar um certo número de atividades.

O C1 trata do tempo que a pessoa levou para terminar a tarefa na primeira tentativa, ou, no nosso caso, a nota que ele obteve na primeira vez.

O X, por sua vez, representa a quantidade de vezes em que o aluno resolveu essa atividade avaliativa.

O b, para concluir, é o parâmetro da inclinação da função, determinando o aprendizado do aluno com -1 (para quem aprende muito rápido) a 0 (para quem não demonstrou aprendizado).

Curva de aprendizagem na gestão pedagógica | Sponte

É claro que o professor não terá o resultado de b quando começar a aplicar essa métrica. É preciso que o aluno realize algumas atividades para começar a calculá-lo, invertendo a equação.

Por exemplo, vamos avaliar o crescimento da nota de um aluno de Biologia. Na primeira avaliação do bimestre, ele tirou 6; na segunda, 8; na terceira, 9; na quarta, 10. A nota média dele (y) é 8,25. O C1 é 6, o X é 4 então só precisamos descobrir o b. Para isso, inverte-se a equação e alcançamos o quociente que mostra a taxa de crescimento do aluno. No caso do exemplo, o b é -0,6.

Por fim, a representação do cálculo em uma matriz vai gerar a curva de aprendizado que precisamos, para avaliar o crescimento do desempenho do aluno.

Por que aplicar a curva de aprendizagem no ensino?

Você certamente já conhece a importância da avaliação escolar. Ela permite ao professor acompanhar a evolução do aluno, conferir se ele está absorvendo o conhecimento e trabalhar para que ele realmente possa aprender as lições em sala de aula. 

Sem falar que uma avaliação bem-feita ajuda até a melhorar a retenção de estudantes.

🔎 Leia mais: Como o seu método de avaliação pode ajudar na retenção de alunos?

No entanto, simplesmente ver cada nota sozinha, sem um contexto, invalida boa parte do objetivo. Com isso, o professor ou o gestor pedagógico é capaz de entender como o aluno está neste momento, mas sem compreender a evolução que ele passou para chegar até aqui.

Afinal, se você ver apenas esse “fragmento” de uma nota isolada e perceber que dois alunos tiraram 8, a impressão é de que ambos precisam passar pelo mesmo tipo de estratégia educacional para avançarem.

No entanto, se um desses alunos costumava tirar 6 e melhorou suas notas, o professor deve celebrar o avanço com ele e terá, também, um sinal de que o trabalho realizado está dando certo. 

Se o outro aluno, por sua vez, costumava tirar 10 e decaiu para o 8, é preciso avaliar os motivos da queda e aplicar uma estratégia diferente para fazê-lo recuperar o bom desempenho.

Ou seja, para ter uma clareza na avaliação dos alunos e poder cuidar de seu ensino de maneira estratégica e inteligente, é essencial ver cada nota em um contexto.

Curva de aprendizagem na educação | Sponte

É claro que o professor pode, simplesmente, ver os números em uma lista. No entanto, o gráfico com a curva de aprendizagem ajuda a ter essa noção com muito mais clareza, alinhada com o tempo de ensino, sem depender de conferir vários números distintos.

Assim, fica muito mais fácil e eficiente a análise dos alunos, o que faz com que os resultados da avaliação sejam ainda mais positivos.

🔎 Leia mais: Tudo sobre avaliação escolar: melhores práticas no processo avaliativo, objetivos e análise de resultados.

A curva de aprendizagem permite, também, que o professor e o gestor pedagógico saibam como lidar com o aluno em cada momento específico, entendendo que o crescimento costuma ser mais lento no início, atinge um pico no meio e tende a estabilizar com o tempo.

Em cada momento desses, é preciso saber cobrar e avaliar o aluno da maneira adequada.

É preciso considerar, ainda, que a curva de aprendizagem na educação permite que a escola apresente para pais e responsáveis a evolução dos alunos, de maneira clara e agradável. Isso é excelente para que eles vejam o resultado, reconheçam o trabalho da escola e tenham mais probabilidade de realizarem a rematrícula.

Como aproveitar a curva de aprendizagem na educação e integrá-la ao planejamento pedagógico?

Você já entendeu o cálculo e a importância da curva de aprendizagem no ensino. Então é hora de saber como aproveitar melhor essa ferramenta. Confira nossas dicas:

Integre a curva de aprendizagem no planejamento pedagógico

Ao organizar seu planejamento pedagógico para um período letivo, lembre-se de incluir a curva de aprendizagem como uma tarefa importante para os professores e como uma parte essencial do processo avaliativo.

Aproveite as informações da curva de aprendizagem no planejamento

Esta é uma dica complementar à anterior. Se você já estiver realizando a curva de aprendizagem há algum tempo, use os dados que já coletou a partir dela para planejar as próximas aulas.

Se seus alunos estão mostrando uma curva excelente, identifique quais estratégias estão dando certo e reforce-as. Se as curvas estão muito lentas, contudo, busque maneiras de otimizar o ensino com novas metodologias, gamificação, ensino socioemocional, etc.

🔎 Para saber mais, confira:

Tenha uma boa comunicação com a comunidade escolar

Para utilizar a curva de aprendizagem sem criar uma recepção negativa entre alunos, pais e responsáveis, é interessante ter uma comunicação clara, direta e aberta com eles. Busque contar com uma ferramenta que potencialize isso, como o Portal do Aluno do Sponte.

Use em sala de aula

Esta dica é óbvia, mas vale reforçar: o professor deve aproveitar as informações da curva de aprendizagem na sala de aula, discutindo os resultados com os alunos e trabalhando, em conjunto, para melhorar os números.

Separe o conteúdo de acordo com os níveis de dificuldade

Nesse mesmo sentido de usar em sala de aula, busque adaptar os conteúdos apresentados de acordo com o ponto em que o aluno se encontra na curva de aprendizagem. Assim você melhora a relação entre ensino e aprendizagem.

Tenha um plano de avaliação adequado

Como já dissemos no começo deste texto, sabemos que as avaliações são um dos grandes desafios da gestão escolar. Por isso, simplesmente aplicar a curva de aprendizagem no ensino não é o suficiente.

É preciso ter um verdadeiro plano de avaliação, que integre metodologias variadas, respeite o tempo do aluno e aproveite as informações — como a curva de aprendizagem — para melhorar constantemente.

Para te ajudar nesse objetivo, preparamos um eBook completo sobre o assunto. Confira:

Os desafios da avaliação: eBook | Sponte

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Analista de Conteúdo

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