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Setembro Amarelo: como falar de saúde mental na escola?

5 min de leitura

Cuidar da saúde mental de seus alunos e da equipe pedagógica durante o Setembro Amarelo é fundamental para o bem-estar na escola.

Cuidar da saúde mental de seus alunos e da equipe pedagógica durante o Setembro Amarelo é fundamental para o bem-estar na escola.


O Setembro Amarelo é uma campanha focada em conscientizar a população brasileira sobre a saúde mental, promover discussões sobre o tema e ajudar as pessoas a reconhecerem sintomas em si mesmas e nos outros.

A campanha foi criada em 2014, pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) em conjunto com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM). O nono mês do ano foi escolhido pois 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.

Nesse contexto, é possível notar que existe uma preocupação nacional em dedicar esses 30 dias para intensificar a promoção do bem-estar mental, levando o assunto ao centro de discussões.

Assim, durante esse período, importantes patrimônios públicos são iluminados pela cor amarela, como o Cristo Redentor (Rio de Janeiro), a Câmara dos Deputados (Brasília), grandes estádios de futebol, entre outros espaços.

Uma campanha de tamanha importância não pode ser ignorada pelas escolas, que devem desempenhar um papel central em motivar discussões sobre o tema e cuidar da saúde mental de seus alunos.

Por isso, preparamos este artigo para explicar como um assunto tão delicado pode ser abordado no ambiente escolar. Confira:

Por que falar de Setembro Amarelo e saúde mental na escola?

O principal objetivo do Setembro Amarelo é combater o suicídio — um problema tabu, que ainda é pouco discutido, mas está muito presente na sociedade.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, mais de 720.000 pessoas morrem por suicídio todos os anos. De fato, ele é a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

E o pior: os números têm crescido muito entre adolescentes. Um levantamento da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que entre 2000 e 2022 houve um aumento na proporção de suicídios em relação ao total de mortes, com crescimento mais acentuado entre as pessoas de 10 a 19 anos.

Falar sobre saúde mental — seja para cuidar de sua comunidade escolar, seja para ajudá-la a identificar os sintomas — é uma ferramenta fundamental para controlar essa estatística.

E mesmo fora de quadros de suicídio, a saúde mental tem uma relevância imensa para o bem-estar de todos. Problemas nessa área podem levar a doenças, crises e limitações de desenvolvimento e aprendizagem.

A saúde mental na sociedade

Aos 19 anos, a atleta de ginástica artística Simone Biles, dos Estados Unidos, subiu ao pódio cinco vezes nas Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016, sendo três delas para receber medalha de ouro.

Tão jovem, Biles consolidou-se como uma das atletas mais relevantes da nova geração. Contudo, em 2021, aos 24 anos de idade, Simone abandonou a competição mundial em Tóquio, Japão, alegando estar com a saúde mental comprometida.

Na mesma competição, a tenista japonesa Naomi Osaka, de 23 anos, uma das favoritas à medalha de ouro, perdeu sua partida de classificação e revelou estar sofrendo com depressão há três anos.

O humorista brasileiro Whindersson Nunes é outro exemplo. Em 2018, ele pausou a carreira para buscar apoio psicológico e, em 2025, internou-se em uma clínica para cuidar de sua saúde mental.

O mesmo aconteceu com a cantora Linn da Quebrada, internada em 2025 após “agravamento da depressão”.

E esses são apenas alguns exemplos entre pessoas reconhecidas. Mas o fato é que o Brasil vive uma crise de saúde mental. 

Dados do Ministério da Previdência Social apontam que, em 2024, quase meio milhão de pessoas tiveram de se afastar do trabalho por motivos relacionados ao tema. É o maior número em pelo menos dez anos. 

A importância da saúde mental na escola: cuide de seus alunos

Como vimos nos números dos suicídios, os adolescentes estão entre os principais atingidos pela crise na saúde mental. 

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) aponta que as condições de saúde mental são responsáveis por 16% da carga global de doenças e lesões em pessoas com idade entre 10 e 19 anos.

A Opas também indica que metade de todas as condições de saúde mental começam aos 14 anos de idade, e que em todo o mundo, a depressão é uma das principais causas de doença e incapacidade entre adolescentes.

“As consequências de não abordar as condições de saúde mental dos adolescentes se estendem à idade adulta, prejudicando a saúde física e mental e limitando futuras oportunidades”, afirma a organização. 

Como é em sala de aula que a maioria deles passam parte considerável de seu tempo, é importante que sua gestão escolar esteja preparada para entender seus sentimentos e identificar sintomas de doenças mentais.

Ainda mais considerando que a adolescência costuma envolver estresses de socialização, dúvidas pelo futuro, pressão das redes sociais, tensão na aprendizagem, e várias outras fontes de desafios para a saúde mental.

🔎 Leia mais: Como sua escola pode ajudar alunos com TDAH.

Também é preciso levar em consideração que muitos alunos não conversam sobre isso em casa. Então, disponibilizar um local de confiança e autoridade, como a escola, para falar sobre saúde mental e habilidades socioemocionais, ajudará estudantes que precisam desse contato.

Um bom trabalho escolar sobre o tema também ajuda a combater situações que muitas vezes são consequência de problemas de saúde mental, como dificuldades de socialização, bullying e situações de violência na escola.

O Setembro Amarelo é uma oportunidade excelente para levar o assunto para o centro das discussões em sua escola.

Saúde mental dos professores: zele pela equipe escolar

Os alunos não são os únicos atingidos por problemas de saúde mental. A matéria publicada na Revista Educação menciona uma pesquisa realizada pela Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho) sobre o tema.

Segundo o estudo, entre 2018 e 2023, os transtornos mentais tornaram-se o principal motivo de afastamento dos professores da sala de aula

E tem mais. Outro conteúdo da Revista Educação afirma que uma pesquisa do Instituto Península (2022) apontou que mais de 84% dos professores brasileiros estão exaustos emocionalmente

Da mesma forma, um estudo da Fiocruz (2023) mostrou que sete em cada dez docentes apresentam sinais de ansiedade ou depressão. 

Enfim, é fundamental cuidar de sua equipe pedagógica para garantir o bem-estar de todos, a retenção de professores e a qualidade do seu ensino.

🔎 Leia mais: Socioemocional na escola e saúde mental dos professores: por que sua equipe precisa de apoio agora?

Lei focada na saúde mental na escola

Outro motivo importante para cuidar de seus alunos e professores é a lei nº 14.819, de 16 de janeiro de 2024, que institui a Política Nacional de Atenção Psicossocial nas Comunidades Escolares.

Segundo essa lei, a instituição de ensino deve promover estratégias de cuidado para a saúde mental de toda a comunidade escolar, envolvendo:

  • Garantir a atenção psicossocial
  • Combater a violência na escola
  • Respeitar a diversidade
  • Exercitar a cidadania 
  • Articular com as diretrizes da Política Nacional de Saúde Mental, por meio da rede de atenção psicossocial e da Política Nacional de Atenção Básica.

A escola deve acompanhar a legislação que trata da saúde mental dos trabalhadores no geral. Falamos mais sobre isso neste texto:

🔎 Leia mais: Saúde mental dos professores: o que diz a nova lei e como aplicar na escola. 

Como trabalhar o Setembro Amarelo na escola?

Há várias formas de abordar o Setembro Amarelo nas escolas. Para tanto, é importante focar no intuito da campanha, como apresentado pelo psiquiatra Valdir Campos: “desconstruir estigmas e tabus em relação ao suicídio, além de criar grupos de mútua ajuda e outras medidas para aumentar os laços sociais na comunidade”.

Durante esse período, a gestão escolar deve convidar especialistas no assunto, como psicólogos e psiquiatras, para conduzir conversas e reflexões sobre o tema e propiciar um ambiente que preze pela saúde mental de seus alunos,  transparecendo um senso de comunidade.

Isso tudo ajudará o aluno a desenvolver um sentimento de pertencimento à escola e a saber que pode buscar a ajuda que precisa em um momento de necessidade. 

Além das palestras com convidados, o coordenador, ou até mesmo o diretor escolar, pode desenvolver outras atividades, como:

  • Organizar rodas de conversa entre alunos de diversas turmas.
  • Espalhar cartazes informativos pela escola, os quais podem ser desenvolvidos pelos alunos com a ajuda de professores.
  • Levar o assunto para a sala de aula de forma extracurricular, em conjunto com professores de Biologia e Ciências ou até mesmo de outras disciplinas.
  • Explorar livros, filmes e outros materiais culturais que tratem do assunto.
  • Incentivar o adolescente a procurar ajuda profissional.
  • Encaminhar o estudante para acompanhamento profissional em casos mais sérios.

Enfim, a gestão educacional tem uma gama de opções para levar o assunto até a escola, mas é importante contar com toda a equipe para ajudar a desenvolver esses momentos.

Não espere o Setembro Amarelo para falar de saúde mental

O período de Setembro Amarelo é uma ótima oportunidade para cuidar de sua comunidade escolar. Mas a saúde mental não pode se limitar apenas a esse mês.

As escolas devem assumir o compromisso de quebrar tabus sobre as doenças mentais durante todo o ano letivo e não apenas no período de Setembro Amarelo.

Além disso, também é fundamental se manter atento à prática de bullying no ambiente escolar. De acordo com um levantamento publicado no Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, as crianças e os jovens que são vítimas de bullying estão três vezes mais propensos ao suicídio.

Nesse sentido, a escola precisa adotar uma postura ativa contra o bullying e demais situações que podem mexer com o psicológico dos alunos — como a pressão para provas e vestibulares, a violência verbal, os preconceitos, o abuso de autoridade, entre outras — o ano todo, a fim de promover um ambiente escolar agradável e saudável, tanto física quanto mentalmente.

🔎 Leia mais: Saúde mental dos alunos: como trabalhar esse tema nas escolas?

Sinais que indicam que um aluno precisa de ajuda

É muito comum que nem mesmo as pessoas que são acometidas pelos distúrbios mentais consigam identificar as doenças, especialmente depressão, bipolaridade e, a mais frequente, ansiedade.

Sendo assim, é um papel da gestão escolar, especialmente por meio de coordenadores e profissionais capacitados, reconhecer alguns sintomas para manter os alunos protegidos, bem como passar instruções e treinamentos para que a equipe como um todo também seja capaz de fazer isso.

Para tanto, alguns comportamentos devem ser observados de perto. Entre eles, podemos destacar:

  • Perda de interesse nas aulas e desempenho abaixo da média por parte do aluno.
  • Queda do desempenho acadêmico para estudantes com médias altas.
  • Evasão escolar ou faltas frequentes e injustificadas.
  • Isolamento social enquanto o estudante está na escola, especialmente na sala de aula.
  • Atividades escolares não realizadas com frequência.
  • Falta de participação em eventos da escola.
  • Assuntos tristes, negativos ou beligerantes.
  • Sonolência nas aulas, pois isso quer dizer que ele pode estar sofrendo de insônia, que é um sintoma ligado a transtornos mentais. 
  • Desempenho alto nas aulas, mas baixo nas avaliações, o que pode ser sinal de ansiedade.

🔎 Leia mais: Saúde mental na escola: como identificar problemas e cuidar de seus alunos.

Enfim, há diversos outros comportamentos que exigem atenção. Para ajudar nesse processo, é importante que a equipe de coordenação pedagógica mantenha uma comunicação constante com os professores, pois são eles que têm mais contato com os alunos e podem identificar os possíveis casos de transtornos mentais.

Em casos em que a coordenação ou a direção escolar conseguem reconhecer sinais que possam ser consequência de um distúrbio psicológico, os pais e responsáveis do aluno precisam ser notificados para que a ajuda profissional seja acionada imediatamente.

Tudo isso faz parte das demandas da gestão pedagógica, que já é uma área bastante ativa na escola. Então, para garantir que você tenha tempo para cuidar tanto do ensino quanto do bem-estar do aluno, o sistema de gestão escolar Sponte oferece ferramentas que otimizam toda a parte burocrática do trabalho. Acesse nosso site e confira:

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Mestra em Letras: Linguagem, Cultura e Sociedade, com ênfase em Literatura, Sociedade e Interartes pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Especialista em Comunicação e Marketing, Liderança e Gestão de Pessoas e em Recursos Humanos. Licenciada em Letras - Português e Inglês e em Pedagogia. Possui experiência na área de educação nos seguintes níveis: Ensino Fundamental II, Ensino Médio, Ensino Técnico e Ensino Superior. Também já atuou no mercado editorial e como autora de materiais didáticos da área de linguagens. Atualmente, é líder do setor de marketing da Sponte, vertical de Educação da Linx, empresa do grupo Stone Co.

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