O construtivismo é uma das práticas pedagógicas inovadoras focadas na aprendizagem ativa, com autonomia do aluno e resolução de problemas.
Entre as muitas práticas pedagógicas inovadoras disponíveis, o construtivismo é uma das mais conhecidas. De fato, a metodologia construtivista ganhou muito destaque nos últimos anos, mas nem todas as escolas entendem exatamente o que ela propõe.
Ter esse conhecimento é fundamental, seja para abrir uma nova escola, seja para explorar novas metodologias e aprimorar seu ensino.
Por isso, neste texto vamos detalhar como funciona a metodologia construtivista na educação básica. Continue sua leitura e entenda:
O que é a metodologia construtivista?
Como o nome indica, o construtivismo propõe que os alunos devem construir o próprio conhecimento no ambiente escolar, tendo o professor como um mentor ou um guia, e não como um expositor de informações.
Para isso, a metodologia se baseia em propostas de aprendizagem ativa, assim como aprendizagem significativa. A ideia é que os alunos levem suas próprias experiências e conhecimentos para a sala de aula, interajam com o ambiente escolar e com os colegas, assimilem novas informações e criem a própria aprendizagem.
Obviamente que, para isso, o aluno é colocado como o centro do processo de aprendizagem. E a gestão pedagógica deve valorizar sabedorias prévias, colaboração na construção do conhecimento, autonomia do aluno, experiências e reflexão.
De fato, na metodologia construtivista, o estudante aprende — e apreende — o mundo e o conhecimento escolar por meio da assimilação, partindo da sua realidade como referência. O desenvolvimento cognitivo, portanto, ocorre com mais autonomia do aluno do que no ensino tradicional.
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Assim, em vez de ser um instrutor ou expositor, como ocorre nas escolas tradicionais, o professor no construtivismo é um mentor, que deve facilitar o processo de construção coletiva do conhecimento pelos estudantes.
Da mesma forma, pode-se destacar que a principal diferença entre o ensino tradicional e a metodologia construtivista é que, em vez de o aluno absorver as lições passivamente, no construtivismo o conhecimento é construído por meio de colaboração, resolução de problemas e práticas pedagógicas inovadoras.
A partir disso, podemos sumarizar o construtivismo em alguns de seus princípios fundamentais:
- O aluno é o centro do processo de aprendizagem
- O ensino ocorre como um processo dinâmico
- A experiência e o conhecimento de cada estudante devem ser considerados
- É preciso tornar a aprendizagem significativa para os estudantes
- O conhecimento é construído coletivamente pelos alunos, em colaboração
- Os estudantes devem lidar com resolução de problemas
- O professor deve ser um mediador da aprendizagem
Quem são os principais teóricos do construtivismo?
A metodologia construtivista tem suas raízes em estudos de três diferentes teóricos da educação: Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henri Wallon. Além de atuarem na concepção do construtivismo e de práticas pedagógicas inovadoras, eles contribuíram também na compreensão do desenvolvimento humano.
Jean Piaget
Piaget (1896-1980) é reconhecido como o criador da metodologia construtivista. Seus estudos propõem que o conhecimento é adquirido por assimilação. Isso significa que o estudante incorpora o que ele aprende a conceitos e experiências já existentes no seu próprio desenvolvimento cognitivo.
Ele também fala sobre a acomodação como uma etapa da aprendizagem. Isso porque o aluno deve modificar seus próprios conhecimentos prévios às novas informações, e vice-versa, para que isso faça sentido em sua evolução.
Entre a acomodação e a assimilação, Piaget ainda acrescentou a equilibração. Esse conceito é um fator essencial de adaptação de um aluno ao ambiente em que ele está inserido. Assim, aprender é um processo constante de desequilibração e equilibração.
Para Piaget o desenvolvimento ocorre em estágios sequenciais:
- Sensório motor ( 0 a 2 anos): a criança passa a perceber a si própria e ao ambiente que a cerca
- Pré-operatório (2 a 7 anos): o sujeito já tem acesso à linguagem, então passa a narrar sua própria vivência, prever ações futuras e interagir socialmente.
- Operações concretas (7 a 11 anos): esta é a etapa da lógica: a criança não se limita às percepções, aplicando a resolução de problemas a partir de raciocínio e comparação com outras experiências. Ela passa também a ter acesso a conceitos de tempo e número.
- Operações formais (a partir dos 11 anos): para Piaget, esta fase já marca o início da idade adulta, pelo ponto de vista do desenvolvimento cognitivo. A criança, aqui, já tem domínio do pensamento lógico e dedutivo, pode compreender conceitos abstratos, elaborar hipóteses, ter autonomia e agir em colaboração.
Lev Vygotsky
Vygotsky (1896-1934) é conhecido como um construtivista sócio-histórico e sócio-interacionista. Ele propunha que o desenvolvimento cognitivo humano ocorre na apropriação que o indivíduo faz de experiências históricas e culturais, no contato com seu contexto.
Nessa proposta, a interação social e as questões econômicas e socioculturais são determinantes para o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa e para a construção do conhecimento.
Ele entende ainda que a aprendizagem ocorre por meio de atividades práticas e das relações entre pessoas e com a natureza, com muito valor para a coletividade e a colaboração.
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Henri Wallon
Para Wallon (1879 –1962), que era psicólogo e pedagogo, a interação entre o desenvolvimento físico, afetivo e cognitivo da criança é fundamental para a aprendizagem.
De fato, ele aponta a afetividade como parte essencial da educação, afirmando que as emoções e o afeto atuam não apenas na formação da personalidade das crianças, mas também na construção do conhecimento.
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Nesse cenário, ele aponta a importância do brincar na educação infantil, a influência do ambiente social na aprendizagem e a relevância das relações interpessoais em todas as fases do desenvolvimento cognitivo.
A partir disso, as teorias de Wallon serviram de base para o crescimento do construtivismo e da própria psicologia educacional.
Quais são os benefícios da metodologia construtivista para os alunos e para a escola?
A fama do construtivismo, como uma das práticas pedagógicas inovadoras mais utilizadas nos dias de hoje, não é por acaso. Essa abordagem educacional oferece vários benefícios para o aluno, para a escola e para os professores.
Confira os principais benefícios:
Benefícios do construtivismo para os alunos
Para os estudantes, as vantagens da metodologia construtivista são mais evidentes e têm sido discutidas há anos.
O primeiro destaque é que ela desenvolve o senso crítico e criativo, assim como o raciocínio lógico dos estudantes.
Além disso, ao fortalecer a autonomia, a metodologia também ajuda as crianças a criarem noções de responsabilidade e a reconhecerem a importância da colaboração na resolução de problemas.
Com uma boa aplicação, o construtivismo também pode melhorar o desempenho escolar e a socialização, e ainda reduzir problemas de comportamento, melhorando competências socioemocionais dos estudantes.
Vantagens do construtivismo para escola e professores
Para os professores e para a escola, a metodologia tem a grande vantagem de estimular a participação ativa dos alunos, o que torna o processo educativo muito mais dinâmico para todos.
De fato, quando o construtivismo é bem aplicado, os alunos tendem a ficar mais interessados, o que potencializa o trabalho da gestão pedagógica e melhora os resultados acadêmicos.
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Por fim, vale reforçar que a metodologia é bem conhecida. Então, se ela for aplicada adequadamente e os resultados da escola realmente melhorarem, a tendência é aumentar a captação e retenção de alunos.
Como implementar a metodologia construtivista na escola?
A aplicação do construtivismo vai depender das possibilidades da escola e da realidade de sua equipe e alunos. Por isso, o primeiro passo para implementar a metodologia é capacitar seus professores.
Afinal, seus educadores conhecem sua realidade escolar de perto. Com um conhecimento afiado sobre a nova metodologia, eles estarão preparados para levá-la para a escola e construí-la junto com a equipe e com os alunos.
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Mas já podemos dar algumas dicas práticas, como ter salas de aula com poucos alunos e organizadas de forma diferente. Em vez das filas, seus estudantes podem sentar em círculo para fortalecer a interação entre os alunos e a construção colaborativa do conhecimento.
Os métodos de avaliação também devem mudar. Em vez de provas e testes tradicionais, o professor pode propor atividades diagnósticas que o ajudem a medir a evolução do aluno e a orientá-lo para melhorar ainda mais.
No mesmo sentido, o educador também não deve se portar como um transmissor do conhecimento. Em vez de aulas expositivas, ele precisa apresentar lições explorativas, em que seu papel é de mediador e facilitador da aprendizagem.
Enfim, a escola deve escolher a melhor metodologia que se encaixa com sua realidade e suas necessidades. Para te ajudar nessa missão, preparamos um texto com as principais abordagens trabalhadas atualmente:
🔎 Leia mais: Quais são as principais abordagens pedagógicas e como escolher a melhor para sua escola?
Além disso, considere contar com um sistema de gestão escolar que otimize seu dia a dia e permita que sua equipe dedique-se completamente à qualidade do ensino. Confira o que o Sponte pode oferecer:
Carla Helena Lange
Mestra em Letras: Linguagem, Cultura e Sociedade, com ênfase em Literatura, Sociedade e Interartes pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Especialista em Comunicação e Marketing, Liderança e Gestão de Pessoas e em Recursos Humanos. Licenciada em Letras - Português e Inglês e em Pedagogia. Possui experiência na área de educação nos seguintes níveis: Ensino Fundamental II, Ensino Médio, Ensino Técnico e Ensino Superior. Também já atuou no mercado editorial e como autora de materiais didáticos da área de linguagens. Atualmente, é líder do setor de marketing da Sponte, vertical de Educação da Linx, empresa do grupo Stone Co.