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Letramento e alfabetização: entenda a diferença e como melhorar esses processos na escola

4 min de leitura

Letramento e alfabetização não são a mesma coisa, mas se complementam e devem fazer parte da Educação Infantil e do Ensino Fundamental.

Letramento e alfabetização não são a mesma coisa, mas se complementam e devem fazer parte da Educação Infantil e do Ensino Fundamental.


Quando as crianças estão começando a conhecer o mundo, a escola ocupa o importante papel de guiar esse processo com brincadeiras, experiências, exploração e, é claro, letramento e alfabetização.

De fato, letramento e alfabetização estão entre as atividades mais centrais desse período letivo, mas ainda há confusão sobre o que elas realmente significam — e qual é a diferença entre cada um desses elementos do ensino.

Por isso, neste artigo, vamos falar sobre as diferenças entre alfabetização e letramento, sobre a importância dessas etapas e sobre práticas poderosas para fazê-las ainda mais efetivas em sua escola.

Continue a leitura e confira:

Qual é a diferença entre alfabetização e letramento?

A primeira questão que precisamos abordar é a confusão entre alfabetização e letramento. Apesar de serem semelhantes, esses conceitos não significam a mesma coisa. 

Na verdade, eles são complementares um ao outro e devem ser trabalhados paralelamente no Ensino Fundamental, e até na Educação Infantil. Entenda as diferenças:

O que é alfabetização

Entre os dois, este é o conceito mais básico. Na prática, a alfabetização é o processo de ensinar seus alunos a ler e a escrever.

Isso envolve apresentar para as crianças nosso sistema alfabético, demonstrando para elas como decodificar as letras, formar sílabas, construir palavras e, finalmente, expressar ideias por meio da escrita.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aborda esse conceito, destacando que “alfabetizar é trabalhar com a apropriação pelo aluno da ortografia do português do Brasil escrito”.

Ela ainda indica o caminho para chegar nesse objetivo, baseando-se em pesquisas sobre a construção da língua escrita pela criança. Os passos apresentados pela BNCC são:

  • Diferenciar desenhos/grafismos (símbolos) de grafemas/letras (signos).
  • Desenvolver a capacidade de reconhecimento global de palavras (que chamamos de leitura “incidental”, como é o caso da leitura de logomarcas em rótulos), que será depois responsável pela fluência na leitura.
  • Construir o conhecimento do alfabeto da língua em questão.
  • Perceber quais sons se deve representar na escrita e como.
  • Construir a relação fonema-grafema: a percepção de que as letras estão representando certos sons da fala em contextos precisos.
  • Perceber a sílaba em sua variedade como contexto fonológico desta representação.
  • Até, finalmente, compreender o modo de relação entre fonemas e grafemas, em uma língua específica.

A partir disso, o documento aponta que as crianças devem desenvolver as seguintes habilidades:

  • Compreender diferenças entre escrita e outras formas gráficas (outros sistemas de representação).
  • Dominar as convenções gráficas (letras maiúsculas e minúsculas, cursiva e script).
  • Conhecer o alfabeto.
  • Compreender a natureza alfabética do nosso sistema de escrita.
  • Dominar as relações entre grafemas e fonemas.
  • Saber decodificar palavras e textos escritos.
  • Saber ler, reconhecendo globalmente as palavras.
  • Ampliar a sacada do olhar para porções maiores de texto que meras palavras, desenvolvendo assim fluência e rapidez de leitura (fatiamento).

🔎 Leia mais: Tudo sobre a BNCC: sua escola está adequada à nova Base Nacional Comum Curricular?

A BNCC ainda aponta que as bases para esse processo devem ser construídas nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental.

“Nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação pedagógica deve ter como foco a alfabetização, a fim de garantir amplas oportunidades para que os alunos se apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de letramentos”.

E, como é possível compreender deste último trecho, a alfabetização é a base para o letramento. Então agora é hora de entrar nesse conceito.

O que é letramento

Enquanto a alfabetização é o aprendizado de ler e escrever, o letramento é um passo a mais: é a aplicação desse conhecimento ao contexto social e prático que envolve a leitura e a escrita. 

Ou seja, ela vai além da codificação e decodificação de palavras, entrando na compreensão de seus significados — tanto evidentes quanto subjacentes — e na reflexão do uso da linguagem para comunicação em diferentes contextos.

Na prática, o letramento é o aprendizado de como usar linguagens para a comunicação de maneira plena, em diferentes dimensões da vida social. Nas palavras da BNCC, é o letramento — ou os diferentes letramentos — que possibilitam aos alunos “a participação significativa e crítica nas diversas práticas sociais permeadas/constituídas pela oralidade, pela escrita e por outras linguagens”.

Nesse sentido, o letramento proporciona habilidades como:

  • Uso adequado das linguagens em diferentes contextos 
  • Percepção do mundo por meio das linguagens
  • Aplicação da leitura, escrita e comunicação como ferramentas de interação
  • Domínio de texto e subtexto em diferentes linguagens
  • Interpretação de texto e produção de significados
  • Pensamento crítico e criativo

E vale acrescentar que o letramento não se limita à linguagem escrita. De fato, ele é mais conectado a essa área e é nela que vamos focar neste artigo. No entanto, é possível discutir novos letramentos e multiletramentos, como apresentados pela BNCC.

O documento deixa claro que é importante aos alunos “apropriar-se das linguagens da cultura digital, dos novos letramentos e dos multiletramentos para explorar e produzir conteúdos em diversas mídias, ampliando as possibilidades de acesso à ciência, à tecnologia, à cultura e ao trabalho”. 

Entenda esses conceitos:

Multiletramentos 

Segundo a BNCC, “as práticas de leitura e produção de textos que são construídos a partir de diferentes linguagens ou semioses são consideradas práticas de multiletramentos”. Ou seja, “exigem letramentos em diversas linguagens, como as visuais, as sonoras, as verbais e as corporais”.

Na prática, é possível trabalhar o letramento em vídeo, artes, ciências, matemática, entre muitas outras. Basicamente, isso significa compreender e interpretar contextos e saber trabalhar de maneira criativa e inteligente essas diferentes áreas.

🔎 Leia mais: Desvendando o multiletramento: entenda a abordagem de linguagens múltiplas na educação.

Novos letramentos

Segundo a BNCC, “os novos letramentos remetem a um conjunto de práticas específicas da mídia digital que operam a partir de uma nova mentalidade, regida por uma ética diferente”. 

São, na prática, letramentos conectados ao mundo digital, como o uso de redes sociais e outros ambientes online, assim como a utilização de equipamentos tecnológicos.

🔎 Leia mais: BNCC na educação infantil: saiba tudo! 

 

Qual é a importância da alfabetização e letramento na educação infantil?

A alfabetização é um dos primeiros passos para a integração social de uma criança, e é fundamental para o desenvolvimento de suas habilidades — tanto cognitivas quanto sociais. 

Ela também abre as portas para o aprendizado. Afinal, o aluno precisa saber ler e escrever para aprender as demais disciplinas, do português à matemática. Por isso, a alfabetização deve fazer parte da rotina desde a Educação Infantil, ganhando mais destaque nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, como destaca a BNCC:

“Nos dois primeiros anos desse segmento, o processo de alfabetização deve ser o foco da ação pedagógica. Afinal, aprender a ler e escrever oferece aos estudantes algo novo e surpreendente: amplia suas possibilidades de construir conhecimentos nos diferentes componentes, por sua inserção na cultura letrada, e de participar com maior autonomia e protagonismo na vida social.”

🔎 Leia mais: A importância da literatura para o desenvolvimento dos alunos.

Já o letramento tem a importantíssima função de levar a alfabetização ao próximo nível. Ele ajuda os alunos a aplicarem os conhecimentos da alfabetização para “lerem” seus próprios mundos e atuarem dentro deles.

Por meio do letramento, a criança pode interagir com mais liberdade com as pessoas, além de refletir, questionar e argumentar sobre o ambiente que a cerca.

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Como melhorar letramento e alfabetização na escola?

Fortalecer a alfabetização e o letramento deve sempre ser um objetivo da escola, e envolve várias práticas que sua gestão pedagógica pode aplicar. Veja algumas das principais:

Valorizar a leitura

A leitura está na alma do letramento e da alfabetização — e não apenas o processo formal de ler para estudar, mas também a leitura por prazer. 

Por isso, busque fazer atividades lúdicas que estimulem esse processo, inclua tempo para a leitura entre as aulas, apresente diferentes gêneros literários e proporcione momentos para que os alunos discutam o que estão lendo.

Proporcionar boas experiência conectadas à leitura é uma forma excelente de fazer isso, mas também é importante incentivar esse costume em casa, envolvendo a família.

🔎 Leia mais: Como incentivar a leitura em sua escola.

Exercitar a leitura em voz alta

Ler em sala de aula também é uma boa estratégia, e fazer essa leitura em voz alta ajuda os alunos a se soltarem, praticarem a dicção e explorarem o potencial da linguagem.

Incentivar a formação dos professores

Os professores são a linha de frente da alfabetização e do letramento. Por isso, incentive a formação continuada para que eles possam levar para a escola novas metodologias e boas práticas para explorar essa aprendizagem com os alunos.

Exercitar a escrita  em contextos significativos

Escrever também é fundamental, tanto para a alfabetização quanto para o letramento. Então busque promover exercícios de escrita que envolvam os alunos em situações reais, assim como atividades que promovam comunicação. Alguns exemplos são criação de cartazes e troca de histórias.

Explorar outras mídias

Como vimos, o letramento vai além de ler e escrever, atingindo outras áreas — inclusive com o letramento digital.

Nesse cenário, é importante trabalhar outras mídias, como vídeos e postagens de redes sociais, por exemplo. 

🔎 Leia mais: TikTok na educação: como usar a rede social para prender a atenção dos alunos?

A BNCC sinaliza:

“Não se trata de deixar de privilegiar o escrito/impresso nem de deixar de considerar gêneros e práticas consagrados pela escola, tais como notícia, reportagem, entrevista, artigo de opinião, charge, tirinha, crônica, conto, verbete de enciclopédia, artigo de divulgação científica etc., próprios do letramento da letra e do impresso, mas de contemplar também os novos letramentos, essencialmente digitais.”

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Mestra em Letras: Linguagem, Cultura e Sociedade, com ênfase em Literatura, Sociedade e Interartes pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Especialista em Comunicação e Marketing, Liderança e Gestão de Pessoas e em Recursos Humanos. Licenciada em Letras - Português e Inglês e em Pedagogia. Possui experiência na área de educação nos seguintes níveis: Ensino Fundamental II, Ensino Médio, Ensino Técnico e Ensino Superior. Também já atuou no mercado editorial e como autora de materiais didáticos da área de linguagens. Atualmente, é líder do setor de marketing da Sponte, vertical de Educação da Linx, empresa do grupo Stone Co.

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