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Tecnologia assistiva na educação: tenha uma escola mais inclusiva

4 min de leitura

A tecnologia assistiva pode transformar a realidade de alunos com deficiência, mas é preciso capacitar professores, usar as ferramentas certas e integrar as famílias no processo.

A tecnologia assistiva pode transformar a realidade de alunos com deficiência, mas é preciso capacitar professores, usar as ferramentas certas e integrar as famílias no processo.


A tecnologia assistiva é uma ferramenta indispensável para garantir uma educação inclusiva em um país como o Brasil, onde 7,3% da população é composta por pessoas com deficiência.

A porcentagem representa 14,4 milhões de brasileiros. Um número enorme de indivíduos que não têm as mesmas oportunidades educacionais. Afinal, entre pessoas com deficiência que têm 25 anos ou mais, apenas 36,9% completaram o Ensino Fundamental, 25,2% o Ensino Médio e 7,4% concluíram o Ensino Superior. 

A disparidade fica clara em uma comparação com pessoas sem deficiência. 67,7% delas concluíram o Ensino Fundamental, 53,4% o Médio e 19,5% o Superior.

Esses dados, oriundos de um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicado em 2025, demonstram na prática o impacto da falta de acessibilidade  na educação brasileira.

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Nas palavras da secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Anna Paula Feminella, esse é um segmento da população “que historicamente tem sido invisibilizado devido às múltiplas barreiras enfrentadas na sociedade — sejam elas arquitetônicas, urbanísticas ou comunicacionais”.

Nesse cenário, os recursos de tecnologia assistiva são ferramentas poderosas de igualdade, inclusão e diversidade no ambiente educacional. Entenda mais sobre esse potencial:

O que é tecnologia assistiva?

Na prática, o termo “tecnologia assistiva” diz respeito a ferramentas, produtos e equipamentos usados para aumentar a inclusão. São itens que ampliam as habilidades funcionais de pessoas com deficiência e possibilitam a execução de tarefas que antes poderiam ser impossíveis.

Entre as tecnologias assistivas podemos apontar equipamentos simples, como bengalas e rampas de acessibilidade, até ferramentas tecnológicas, como softwares de leitura e tradutores em tempo real.

Assim, seja para receber estudantes com deficiências físicas, seja para acolher alunos neurodivergentes, as tecnologias assistivas são fundamentais para a sua escola.

Como as tecnologias assistivas contribuem para a inclusão na educação​?

Agora que sabemos o que são tecnologias assistivas, podemos entender melhor sua importância para a acessibilidade na escola.

Para começar, é preciso conhecer a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), lei n.ª 13.146 de 6 de julho de 2015

A lei afirma que “a educação constitui direito da pessoa com deficiência”, de forma a “alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem”.

Ela aponta os passos para alcançar esse objetivo, e a tecnologia assistiva na educação tem destaque, aparecendo várias vezes ao longo do texto. Fica especificada a necessidade “de disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva” na escola.

De forma prática, essas ferramentas são capazes de melhorar o dia a dia educacional das pessoas com deficiência e permitir que elas tenham um aprendizado realmente acessível — não apenas para continuar na escola, mas também com potencial para se desenvolver plenamente.

🔎 Leia mais: Como sua escola pode ser mais diversa e inclusiva?

Quais são os tipos de tecnologias assistivas na escola?

Para tornar sua escola mais inclusiva, você precisa conhecer as quatro formas de aplicar a tecnologia assistiva na educação. São elas:

1. Acessibilidade física aos espaços da escola

O primeiro tipo de tecnologia necessário para uma educação diversa e inclusiva é o que envolve a acessibilidade física. 

Para começar, seus alunos devem ser capazes de chegar às salas de aula e se locomover com facilidade pela escola. Para isso, instale rampas, corrimões, pisos táteis, banheiros adaptados, entre outros.

Os estudantes também precisam de conforto no espaço educacional. Isso envolve, por exemplo, mesas e cadeiras de alturas reguláveis e adaptadas às necessidades de cada estudante.

A acessibilidade física também envolve os equipamentos de estudo, como teclados e mouses adaptados, lousas eletrônicas controladas por toque ou voz, etc.

2. Tecnologias de acesso ao conteúdo

Além do acesso físico, os alunos também precisam de acessibilidade intelectual. Ou seja, terem acesso a receber e processar as informações das aulas por meio de tecnologias como leitores de tela, aparelhos auditivos com bluetooth, softwares de leitura automatizados, etc.

3. Comunicação alternativa e aumentativa (CAA)

Para alunos com limitações ou deficiências na fala, ou outros distúrbios nesse sentido, a escola deve oferecer equipamentos para ajudá-los a se comunicarem. Isso envolve pranchas de comunicação, aplicativos com símbolos visuais e leitura em voz alta, entre outras tecnologias assistivas de CAA.

4. Apoio personalizado à aprendizagem

Para estudantes que enfrentam dificuldades de aprendizagem, como dislexia, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), entre outros, a tecnologia assistiva pode contribuir diretamente nos processos educacionais. 

Alguns exemplos são os organizadores digitais, as agendas e cronômetros visuais, as listas de tarefas personalizadas e aplicativos que ajudam no planejamento e na organização do estudo.

Como utilizar a tecnologia assistiva na educação?

Agora que sabemos o que são tecnologias assistivas e conhecemos suas diferentes aplicações na gestão pedagógica, é hora de entender como usá-las na prática.

Para isso, preparamos uma lista com o que você precisa para ter acessibilidade na escola utilizando as tecnologias certas. De forma resumida, elas são:

  • Infraestrutura
  • Capacitação de educadores
  • Personalização do ensino
  • Metodologias ativas
  • Ambientes acolhedores
  • Avaliações integradas
  • Família envolvida 
  • Atualização constante

Para entender melhor, falamos em detalhe sobre cada um desses elementos. Confira:

Investir em tecnologias assistivas e infraestrutura de acessibilidade na escola

O primeiro passo para um ensino mais inclusivo é contar com as tecnologias assistivas necessárias — e isso significa investir em melhorias de infraestrutura para a escola.

De fato, esse foi um dos maiores desafios apontados por Karolyne Ferreira, representante do Instituto Rodrigo Mendes (uma organização sem fins lucrativos que busca oferecer educação de qualidade para pessoas com deficiência).

A fala de Karolyne ocorreu durante um evento na Câmara dos Deputados em junho de 2025. Ela apontou que segundo o Censo Escolar de 2023, cerca de 25% das escolas ainda não contam com itens básicos de acessibilidade, como piso tátil, rampas e banheiros adaptados. 

Mas ela reforçou que "a falta de estrutura afeta todos os estudantes” e declarou que a solução não é retirar os estudantes com deficiência da escola comum, mas sim “investir fortemente” em melhorias.

O discurso de Karolyne foi direcionado às escolas públicas, que dependem de investimento governamental. Mas seus argumentos servem também para a realidade das instituições privadas, que precisam melhorar a acessibilidade para seus alunos.

Capacitar os professores e outros profissionais da gestão pedagógica

O segundo desafio apontado por Karolyne é a capacitação dos profissionais. De fato, segundo o censo, em 2023 apenas 6% dos professores regentes da educação básica tinham formação continuada em educação especial. 

O número aumenta entre os docentes do atendimento educacional especializado, chegando a 42% — o que ainda é muito pouco, considerando que esses são professores focados em atender alunos com deficiência.

"Pode parecer muito, mas ainda é muito abaixo do necessário, considerando o papel estratégico desses profissionais na eliminação de barreiras para o ensino na classe comum e a participação ativa dos estudantes com deficiência no cotidiano escolar", disse Karolyne.

Portanto, é fundamental investir e motivar a formação continuada de professores.

🔎 Leia mais: Como trabalhar as diferenças na escola e promover o respeito entre os alunos.

Utilizar a tecnologia assistiva de forma personalizada

De pouco adianta adquirir várias tecnologias assistivas sem ter uma noção de quais são as necessidades específicas de seus alunos. Afinal, há uma vasta diversidade de deficiências, distúrbios e outros problemas que precisam ser levados em conta pela escola.

Por isso, converse com os alunos, com seus familiares e com os professores, para saber exatamente que tipo de tecnologia assistiva é necessária — e como ela pode ser aplicada de forma  personalizada para atender à demanda específica de cada estudante.

Explorar as metodologias ativas

O ensino tradicional já é visto como limitado até para alunos sem deficiências, e a aplicação de metodologias ativas é essencial para levar a aprendizagem a novos patamares.

Isso é ainda mais central no caso de estudantes com deficiência. Afinal, eles aprendem melhor quando estão realmente envolvidos e desafiados no ambiente educacional — e as tecnologias assistivas abrem o caminho para usar essas metodologias de forma efetiva.

Também é importante considerar outros conceitos, como o desenho universal para aprendizagem (DUA), que apresenta formas de abordar o currículo escolar com mais acessibilidade, inclusão educacional e respeito à diversidade.

Organizar ambientes acolhedores para as diferentes necessidades dos alunos

O desenvolvimento pleno dos estudantes depende diretamente do ambiente escolar. Todos os alunos — não apenas os com deficiência — precisam sentir-se seguros e acolhidos para realmente evoluírem em seu aprendiz

No caso dos alunos com deficiência, isso é um pouco mais desafiador, pois o acolhimento depende de mais elementos — com destaque para as tecnologias assistivas, que ajudam a criar um espaço compartilhado e positivo para todos.

Envolver as ferramentas de tecnologia assistiva nas avaliações

O processo avaliativo também precisa levar em conta as deficiências dos alunos. Nem todos vão conseguir prestar provas tradicionais com um papel e caneta, ou realizar tarefas iguais às dos colegas.

Por isso, busque a tecnologia assistiva adequada para ajudar cada aluno a mostrar suas habilidades e evoluir em seu aprendizado.

Integrar a família no processo educacional

Já falamos muito aqui no blog da Sponte sobre o poder que há em levar as famílias para dentro da realidade escolar dos alunos. E esse impacto é ainda mais notável quando falamos de alunos com deficiência.

Busque aproximar as famílias e trabalhar junto com elas na hora de aplicar a tecnologia assistiva na educação.

🔎 Leia mais: Como aproximar família e escola com uma comunicação eficaz na gestão escolar?

Manter a escola atualizada com as novas tecnologias assistivas

A tecnologia está em constante evolução. Por isso, para oferecer o melhor em acessibilidade e inclusão, sua escola deve acompanhar as tendências mais recentes e trabalhar para oferecer o que há de melhor e mais moderno em tecnologia assistiva para seus alunos.

Ao mesmo tempo, é essencial otimizar as outras frentes da escola, para manter uma gestão pedagógica eficiente, ágil e inteligente. Com tudo o que uma instituição de ensino precisa para oferecer um aprendizado de qualidade para absolutamente todos os seus alunos.

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Mestra em Letras: Linguagem, Cultura e Sociedade, com ênfase em Literatura, Sociedade e Interartes pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Especialista em Comunicação e Marketing, Liderança e Gestão de Pessoas e em Recursos Humanos. Licenciada em Letras - Português e Inglês e em Pedagogia. Possui experiência na área de educação nos seguintes níveis: Ensino Fundamental II, Ensino Médio, Ensino Técnico e Ensino Superior. Também já atuou no mercado editorial e como autora de materiais didáticos da área de linguagens. Atualmente, é líder do setor de marketing da Sponte, vertical de Educação da Linx, empresa do grupo Stone Co.

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